Open banking conectando negócios – Desde maio, quando a regulamentação do open banking foi publicada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), até o momento em que viramos o ano, o mercado vem falando exaustivamente sobre como integrar os negócios ao sistema bancário aberto.
Aqui mesmo, na Teros, abordamos o assunto de diferentes ângulos, buscando sempre a informação exata e útil para cada perfil. Já se sabe que muitas e importantes mudanças vêm atreladas ao open banking. E, com elas, grandes oportunidades se abrem para as empresas — sejam elas do setor financeiro ou não.
Entretanto, muitas dúvidas ainda cercam o conceito, e tudo bem. Afinal de contas, a primeira fase do projeto nem começou, já que foi adiada de 30 de novembro para começo de 2021, no dia 1° de fevereiro, por decisão do Banco Central (BC).
Que tal encarar o fato como um tempo ganho para ficar um pouco mais por dentro do open banking? Separamos os pontos fundamentais para você se concentrar no que é essencial saber agora.
Começando com os participantes do open banking, o BC definiu a obrigatoriedade de adesão para os bancos grandes (S1) e médios (S2). A saber, S1 inclui instituições com porte igual ou superior a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), ou que exerçam atividades relevantes no exterior, independentemente do porte. E S2 corresponde às instituições com porte acima de 1% e abaixo de 10% do PIB.
Ainda de acordo com o BC, outras instituições reguladas, como as fintechs, poderão requerer sua participação no Diretório de Participantes por meio do Portal do open banking, do BC, que entrou em funcionamento no dia 1° de fevereiro.
Como integrar parceiros e consumir dados de open banking.
Assim como se diz que um “novo normal” foi trazido pela pandemia da covid-19, podemos afirmar, sem exagero, que nada será como antes com a implementação do sistema bancário aberto. Mais do que trazer uma simples regulamentação, o open banking abre um mar de novas oportunidades.
Fortes exemplos são o Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central e aberto à população brasileira em 16 de novembro, e o WhatsApp Payment. Com ele, o WhatsApp passa a funcionar também como um canal integrado entre as empresas e seus consumidores, com a oferta de serviços, atendimento ao cliente e entregas, só para começar. As possibilidades só aumentarão com o tempo.
Essas iniciativas contam com o compartilhamento de informações pelas instituições financeiras. O que só é possível via APIs. Pensada estrategicamente, isso deve ampliar a distribuição de produtos financeiros. Foi por isso que a Teros, empresa especializada em soluções baseadas em inteligência de dados, desenvolveu uma solução completa para governança de open banking.
Open banking e LGPD – principais cuidados
Nem é preciso ser especialista para entender a importância que os cuidados com relação à proteção, manutenção, privacidade e controle de dados de terceiros ganham com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor no Brasil desde 18 de setembro. Em resumo, o consentimento do titular dos dados é a base para que as informações pessoais possam ser tratadas pelas empresas.
A possibilidade de vazamento ou uso indevido das informações dos players pode trazer riscos jurídicos e de penalização pelas entidades reguladoras. Sem falar no comprometimento da imagem das empresas envolvidas na transação, com potencial de repercussão para todo o ambiente de open banking do país.
Daí o peso que a Governança — e, com ela, o Compliance de Dados — ganha para viabilizar a integração das empresas ao open banking. Este é o ponto de partida para controlar riscos e usufruir as oportunidades de negócios que se abrirão.
A adequação à LGPD envolve uma série de variáveis, que precisam ser cuidadas. Veja as principais:
- O monitoramento das camadas de segurança e a performance do sistema de informação;
- O acompanhamento constante do fluxo de dados, produtos e serviços transacionados para avaliação de riscos estratégicos, como a perda de clientes, mas também para eventuais correções de rotas e novas estratégias;
- O controle e acompanhamento do open banking relevante, uma vez que a operação multiplica exponencialmente os cenários de riscos.
Para enfrentar esses e outros desafios que a consonância à LGPD exige, a Teros oferece um sistema de governança global do open banking. A partir de sua expertise, poderá otimizar custos, controlar riscos e orientar a operação para negócios que permitam rentabilizá-la.
Como open banking e LGPD interagem no consumo de dados
A forma como open banking e LGPD interagem no consumo de dados é, de certa forma, peculiar. Para entender de maneira simples e resumida, o open banking pode ser visto como um caso à parte da LGPD. Enquanto a LGPD dá ao titular o poder sobre seus dados pessoais, o open banking regula o exercício desses direitos no âmbito das instituições financeiras, oferecendo serviços de governança, padrões de conexão, organização de dados etc.
Em outras palavras, podemos dizer que o open banking fornece a infraestrutura necessária para que as empresas e cidadãos possam usufruir em sua plenitude do direito de gerir seus dados pessoais no mercado de serviços financeiros.
Apesar de manterem uma interação diferente do que vigora em outras áreas, a LGPD é soberana com relação ao open banking. Pelo simples fato de regular (e impactar) toda e qualquer atividade que envolva coleta e tratamento de dados de terceiros.
Oportunidades para quem não é banco
São inúmeras as oportunidades que se abrem para empresas que não são bancos. Destaque para a realização das TPPs, com infraestrutura tecnológica, serviços de inteligência (big data, analytics, etc.), gestão de dados e consentimentos e inúmeras soluções plug & play.
Dito isto, empresas de diversos ramos podem usufruir do open banking, e de várias formas. Comerciantes podem ofertar opções de pagamento ou de crédito para seus clientes, alavancando vendas e reduzindo custos. Outro exemplo são os seguros, que incluem proteção para celular e notebook e outros tipos de seguros.
Há outros exemplos: para ter acesso seguro a informações cadastrais e financeiras de clientes e potenciais clientes; em soluções de automação de pagamentos e tesouraria em geral, com integração de contas bancárias e sistemas de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês).
Além das empresas, o open banking certamente traz vantagens para pessoas físicas. Com os serviços de integração, as pessoas podem gerir melhor os recursos, investimentos e produtos e serviços financeiros em geral. Na prática, será possível ter uma visão unificada das contas mantidas em diferentes instituições e, assim, poder comparar taxas, custos e condições de maneira mais simples do hoje em dia.
E graças ao compartilhamento de dados do open banking, as pessoas físicas também terão acesso a ofertas de produtos financeiros sob medida para suas necessidades e interesses, especialmente no que diz respeito a crédito.
Por que o banco deve se antecipar ao open banking
Quanto mais rápido os bancos menores se conectarem ao open banking, mais adequados à nova realidade do mercado financeiro estarão. Não é um esforço simples. Mas há boas razões para se empenhar. Essa integração vai garantir para a instituição:
- a correta gestão de fluxo de dados e consentimentos;
- o acesso a ferramentas de tratamento de dados capazes de transformar as informações compartilhadas em insights, seja para aumento de receita ou melhoria e criação de novos produtos e serviços.
O open banking pode auxiliar os bancos menores a uma maior adesão a seus produtos por parte de correntistas e na captação de novos clientes. Podem, ainda, aumentar a quantidade de canais de distribuição, por exemplo, ao terem seus produtos disponibilizados em plataformas de comparação.
De open banking a open finance
Talvez um dos exemplos de disrupção mais emblemáticos – depois da Uber e da Netflix – seja a simbiose entre open banking e open finance, e seu resultado – os produtos financeiros on demand distribuídos em múltiplos canais.
As regras do open banking em consonância com a LGPD compõem o cenário perfeito para que a economia incorpore o open finance, gerando parcerias e negócios entre instituições financeiras e não financeiras.
Novas modalidades de pagamentos, sem a presença de intermediários; oferta em tempo real de crédito para compras de produtos e serviços; oferta de seguros “on demand” ou “pay per use”; gestão de riscos e cadastro mais assertivos. Na prática, tudo isso representa redução de custos, menos burocracia e rapidez na checagem e validação de cadastros. Imagine as possibilidades – com certeza, a realidade vai transcender a sua imaginação.
O que podemos aprender com a experiência do open banking no mundo
Outras economias já conseguem mensurar os resultados a partir da vigência do open banking. O Reino Unido tem dois anos de experiência contabilizada. Entre junho de 2019 e junho deste ano, as APIs de open banking aumentaram de 67 milhões para 425 milhões. Em seis meses — junho a dezembro/2019 — houve um crescimento de 27% das 260 empresas e instituições financeiras registradas, segundo balanço recente feito pela Obie (do inglês, Entidade de Implementação do open banking).
Em países como México e Espanha, o open banking vem permitindo a integração com varejo e e-commerce, facilitando a distribuição de produtos, por exemplo. Para bancos como BBVA e Santander, tem sido um importante aliado para conquista de clientes e fechamento de novas parcerias.
Diversos são os exemplos de países cujo projeto de sistema bancário aberto está consolidado ou em processo de consolidação. O caminho sem volta do open banking revolucionou o jeito de se relacionar entre todos os players do mercado, do consumidor aos bancos e empresas. Por aqui, a finalização da quarta etapa está prevista para 15 de dezembro de 2021. Mas já percebemos os primeiros contornos da disrupção.